terça-feira, outubro 20, 2009

Cartas da Alemanha

Fabia Lívia
Nossa Correspondente



Bom dia Hugo!

O dia amanheceu bonito.

Depois de um sono um pouco inquieto, acordei com a visita de um raiozinho de sol que entrou pela janela trazendo uma mensagem de esperança. A esperança que leva à perseverança e faz a gente prosseguir mesmo quando tudo parece impossível.

Do topo dessa colina onde observo a paisagem de um pedacinho da Floresta Negra, reflito sobre a vida e imagino o que ocorre longe do que está ao alcance de meus olhos, como à exemplo do que eu pude assistir ontem de noite numa palestra sobre o problema de Gaza e o povo da Palestina. Imagens deprimentes foram mostradas sobre a situação que pode bem lembrar cenas de um holocausto que eu pensei ser parte de um passado morto, enterrado e sem retorno.

Engano meu.

O filme trazido pela Senhora Bettina Marx, autora do livro GAZA, mostrou um povo oprimido, arrasado, sem esperança, vagando drogados como trapos humanos à caminho de uma possível devastação. Crianças, bebês, mulheres grávidas mortas como alvo da maldade humana. Uma maldade sem explicação, muito longe da compreensão. Uma situação, inquietante, preocupante, revoltante.

Diante de todas essas imagens, meu pensamento vagava em busca de algo confortante, uma palavra de esperança... Mas qual?

Como explicar uma coisa que não compreendo?

Mas algo eu sei que é muito paradoxal: como um povo que foi tão massacrado, que em nome dos antepassados relembra o holocausto para defender suas próprias causas, pode permitir a repetição de estratégias semelhantes contra um povo inocente? Eu sei, há judeus e judeus, palestinos e palestinos, brasileiros e brasileiros, como há humanos e desumanos. Mas continuo a olhar para as colinas e a me perguntar:

Que culpa têm os palestinos sobre a maldade nazista ocorrida no passado distante?

Que culpa carregam crianças que mal conhecem o mundo e a vida e sem a menor oportunidade se deparam com a morte predeterminada dos assassinos?

Onde está a Religião? Religião?

Que é isso? Uma desculpa para punir sem ser questionado e punido? Barbaridades são cometidas em nome de Deus e na crença de uma terra supostamente por Ele prometida.

Então na presença do raiozinho de sol eu fiz um pedido aos anjos e ao BEM (a centelha do que imagino ser Deus) em cada um de nós: Que o homem se supere na busca da verdade e se conscientize: nós somos o mundo. O mal feito ao próximo é o mal feito a si mesmo. Mas a luz que brilha aqui deve brilhar lá também.

Um abraço que sai por cima da Floresta Negra e atravessa o Oceano até chegar aí!

Fabia

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